A conhecida ação do grupo a que nos
referimos mostra dois aspetos:
- o desprezo (para não dizer ódio) que
“os donos de Portugal” têm por tudo o que o 25 de Abril representa. Têm agora
uma democracia feita à medida dos seus interesses, pela mentira eleitoralista e
pela hipocrisia política. Uma falsa democracia que tem como prioridade permitir
que os trabalhadores sejam “livremente” explorados enquanto os donos do país
levam “livremente” os lucros para paraísos fiscais. As fortunas dos 3 homens
mais ricos do país entre os quais se encontra o sr. destes supermercados, era
em 2010 superior aos rendimentos de mais de 1 milhão e 300 mil portugueses. As
sobras do festim são atiradas ao povo – agora em muito pior condição que em
2010 – em jeito de provocação: tomem, nós podemos mais, nós controlamos vocês,
controlamos os vossos desejos e os vossos pensamentos.
- mostra também a clivagem e
contradições existentes no seio do povo. A clivagem entre os que no 1º de Maio
afirmaram a sua dignidade e os que se deixam alienar dos seus reais interesses,
subordinando-os aos dos exploradores e especuladores, adotando os seus
critérios e os seus raciocínios.
Dizia alguém na rádio (TSF) que os
que criticavam a ação dos supermercados o faziam por “hipocrisia e cinismo”. O
cavalheiro não o fazia por menos, o que mostra o seu nível democrático. Mas
mostra mais: mostra o seu raciocínio de cão: o cão só é obediente ao dono, seja
este um sevandija, seja alguém decente. No fundo, submetem-se aos “donos de
Portugal” porque estes lhes atiram umas migalhas do seu espólio, como o senhor
do palacete. Estão de acordo com as agressões do governo aos direitos dos
trabalhadores e de todo o povo. Esquecem-se que tudo o que usufruem como
direitos sociais foi conquistado com os sacrifícios de gerações que aberta ou
clandestinamente comemoraram o 1º de Maio lutando por uma terra sem amos, pela
unidade e solidariedade entre os proletários de todos os países – isto é de
todos os que vivem exclusivamente do seu trabalho. Mas que importa isto a certa
gente: o cão só é fiel a quem reconhece como seu dono.
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